Esse é um espaço que tenho para escrever o que penso, o que sinto. Fazer críticas sobre a sociedade, o mundo que vivemos, as atitudes e julgamentos das pessoas.

É sempre bom ver o que os outros pensam, cada um tem seu ponto de vista, e esse é o meu. Espero que gostem, pois o que faço é com muito carinho.

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Uma pessoa que adora escrever e usa a escrita como um desabafo sobre seus sentimentos e críticas que muitas vezes tem dificuldade de expor em seu dia-a-dia. Estudante de Pedagogia da Universidade de Brasília. (ingridraina.dirgni@gmail.com)

Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.

Clarice Lispector

domingo, 31 de julho de 2011

A idade

Ela vivia no alto da estante e sonhava em descer um dia e conhecer até tão belo e fofo urso que morava na cama.

“Mas por que eu tenho que ficar aqui enquanto ele fica lá?”, pensava a pela ursinha rosa com o laço vermelho delicado na cabeça. Apaixonada pelo urso verde de gravatinha preta que ficava enfeitando a cama da garotinha. Mal sabia ela que tinha muito mais valor sentimental e econômico do que aquele urso qualquer.

Ficava todos os dias olhando para ele e ele nem sequer levantava a cabeça para ver o que tinha acima dele. Só olhava para baixo e para os lados, pois achava que era o superior daquele lugar por dormir com a garotinha. Mal ele sabia que os especiais moravam em cima.

A garotinha tinha medo de perder ou machucar a ursinha cor-de-rosa, guardava ela no alto onde nem ela mesma alcançava, mas todos os dias dava “boa noite” antes de ir dormir, então abraçava o urso verde e caia no sono.

Até um dia em que a garotinha cresceu. Ela não se importava mais com os seus bichinhos. O urso verde, todo empoeirado, estava jogado debaixo da cama, e a ursinha rosa nunca mais tinha o visto, pensava que tinha sido doado ou vendido. E ela, como sempre, ainda estava no alto. Eles não recebiam mais o mesmo carinho da garota, agora ela só se importava com as músicas, roupas e maquiagem. Sua infância estava morta.

Amigos iam para a casa dela e ela saia sem nem falar nada. Nem lembrava mais do velho companheiro que estava jogado debaixo de sua cama. A ursinha rosa também começara a ficar empoeirada naquela alta estante.

E essa é uma história tão comum, não comum de se ouvir, mas sim de se ver. Garotas que antes tinham milhares de bichinhos e não podiam dormir sem eles, mas que, com a idade, vão trocando seus pequenos companheiros por amigos, por namorados, por marido e por filhos.

Mas essa história não teve um final triste para a ursinha apaixonada...

Um dia a garota, que não era mais garotinha, estava limpando seu quarto e separando coisas velhas para doar. Então ela pegou o urso verde e a ursinha rosa e colocou juntos na caixa. Assim eles começaram a se conhecer e o amor da ursinha rosa só aumentava e o urso verde também começou a gostar dela.

Os dois foram doados para a mesma garota. Uma garota que não era muito nova e nem muito velha, mas que dava atenção para eles junto com seus primos e irmãos. E os dois viveram felizes com a sua dona, que depois passou eles para seus filhos e assim por diante, geração por geração.

Ingrid Raina


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