Eu sou tão criança e em nada isso atrapalha na minha vida. Eu saio andando pela rua procurando pegadas marcadas no cimento seco e tento encaixar meus pés nele e, quando consigo, fico feliz. Saio parecendo uma pata andando porque não posso pisar nas linhas ou somente em uma cor, promessa que fiz para mim mesma. Entrar em um ônibus e testar a educação deles dando tchau e, quando acenam de volta, eu abri um sorriso como se fosse a coisa mais feliz que poderia me acontecer naquele dia.
Manias estranhas, mas que fazem me distrair, pois nesse mundo cheio de preocupações e pessoas querendo me julgar por algo que não sou ou que não fiz, o melhor que tenho a fazer é tentar me divertir com coisas idiotas e que me fazem sorrir até mesmo quando poderia estar chorando.
E quando em casa? Imito todos os carros que passam fazendo propagandas, canto todas as músicas de propagandas e abertura de programas e séries da TV, além de tentar falar antes que o personagem quando já assistir aquele episódio ou filme. Tentar fazer menos barulho possível quando estou sozinha ou quando está de noite, pois os monstros podem acordar e me devorar ou me assustar com qualquer barulhinho besta. Levantar a noite? Nem pensar! Nunca se sabe quem está me esperando do outro lado da porta. E quando vou deitar tenho que me cobrir totalmente senão o bicho papão pode puxar o meu pé.
Escrevo para Papai Noel, espero o Coelhinho da Páscoa me trazer meus ovos de chocolate, coloco os meus dentes de leite para a fadinha levar e me deixar uma moeda, tenho medo dos bichos que ficam acordados no escuro.
Assisto todos os meus desenhos favoritos de novo, como Os Bananas de Pijama, Telettubies, Scooby-Doo, Os Anjinhos e assim por diante.
E essa é minha vida... Algum problema sociedade? Vocês vão me julgar infantil por eu ter tido uma infância? Vão falar que eu não sou capaz de fazer minhas coisas por eu não querer ser uma adolescente como todos estão sendo? Agir como todos os outros estão agindo? Desculpem, mas eu não vou mudar por ser julgada dessa forma. Eu até prefiro ser julgada assim, pois ao invés de eu estar me drogando, saindo para festas, eu estou com a minha família, eu estou na minha casa, eu estou na minha escola, lugares e pessoas das quais velem muito para mim e são importantes para o meu futuro e eles nunca me abandonarão. Então eu prefiro ser julgada infantil ou estranha ou careta do que ser chamada de drogada ou de mãe, nos meus 15 anos.
Ingrid Raina