Virei as costas e ouvi uma risada baixinha. Era a vida zombando de mim. O que teria eu feito dessa vez? Estou errada novamente? Mas me sinto no caminho certo.
A ignorei, talvez estivesse querendo me confundir. Nós sabemos que a vida sempre quer nos enganar, sempre passando alguém em nossa frente, mas é só não darmos oportunidades a ela.
Seguindo em frente, mas com o passado na cabeça. Quem sabe, estivesse eu com medo do que me esperava mais adiante. Me sentindo culpada.
Quem sou eu pra desafiá-la desse jeito? Se ela disse “fica”, deveria eu obedecer? Eu tenho vontade própria?
Consciência pesou... Olhei para trás. Não deveria ter feito isso. A tentação foi maior do que eu e voltei.
Mas no caminho da volta, parei e sentei. Chorei. Estava perdida. Não sabia qual lugar pertencia. Deveria eu me desprender do passado? Talvez eu deveria esquecer e ir em frente, mas as memórias eram mais fortes do que eu.
Simplesmente fiquei lá... Sentada... Olhei o tempo passar. Flores crescendo, folhas caindo, sol se pondo, lua vindo. Todos iam e voltavam, mas eu... Eu ficava lá, como uma estátua assistindo minha vida passar diante dos meus olhos e não tinha coragem de levantar e enfrentá-la. Estava confortável e aceitei.
Ela me abraçou e quando me soltou virou as costas para mim e ouvi novamente uma risada. O que isso significava? Dessa vez não parecia que estava rindo de mim. Estava rindo de felicidade. Aí então eu percebi, estava feliz por ter conseguido o que queria. Me queria exatamente como estava: imóvel, deixando o tempo passar.
E foi aí que a ficha caiu. A vida não queria que eu progredisse. E eu confiei nela. Ela me enganou direitinho...
Ingrid Raina