No meio de tantas pessoas, ela procura um rosto conhecido. Ela entra em desespero toda vez que se sente sozinha, precisa sempre de alguém ao lado para conversar e fazer com que sua mente se acalme. Ela fala alto, ri de qualquer coisa, conversa sem parar, para disfarçar toda a dor que está sentindo.
Às vezes ela se isola, está cansada demais para interagir. Não consegue sorrir, não consegue ficar bem, não consegue conversar. As pessoas não a procuram mais, pois sempre há uma desculpa para não sair da cama.
Ela queria ter ânimo para estudar, como diz sua mãe: o conhecimento abre as portas. Ela queria ter controle para conseguir emagrecer, sentir-se bem com ela mesma, pois tem muito tempo que não sabe o que é isso. Ela queria ter forças para ignorar a ansiedade e ficar em paz. Ela queria se amar mais e aprender a ficar bem sozinha.
Ela queria muitas coisas, mas não tem o poder para conseguir tudo. A cada dia que passa, mais enfraquece e vai deixando de lado suas vontades, uma por uma, talvez um dia todas acabem e não terá mais motivações para continuar em frente.
Ela queria ter coragem de falar com alguém sobre tudo que está acontecendo, mas todos irão dizer que é frescura. Não há motivos “de verdade” para ela estar se sentindo tão pra baixo. E as coisas têm melhorado, se sente egoísta por estar assim… Porém não consegue se alegrar mais, não consegue se sentir viva e a cada dia o cansaço fica mais forte.
Ela tem vergonha por estar triste e não consegue procurar ajuda. “Enquanto tem gente passando fome, morrendo, sem onde morar, você está achando que sua vida está terrível só porque não tem um namorado?”, “mas todas as pessoas que querem um futuro bom precisam estudar e trabalhar ao mesmo tempo”, “vai fazer drama só porque foi reprovada?”...
Então ela fica em silêncio, fica no canto dela e, sempre quando pode, ela chora para desabafar. Procura não ficar sozinha para evitar certos pensamentos. E assim os dias vão passando e ela só espera tudo isso passar...
Ingrid Ráina