Eu fico te observando... Querido peixinho, qual a graça de ser você? Depender de uma outra pessoa para te dar comida e trocar sua água, viver sozinho num aquário bem maior que você e simplesmente fazer nada, somente nadar e nadar, pra lá e pra cá.
Ficar no meio de água, só água. Não poder sair desse pote de vidro sem graça. Não poder comer se esquecerem você. Ficar na sujeira se não trocarem sua água. Um pequeno ser dependente.
Um pequeno ser do qual a vida não é tão longa e a qualquer momento pode morrer sem nenhuma explicação, por estresse ou por não cuidarem dele.
Mas eu te observo, apaixonada, admirada, impressionada. Como consegue viver tão solitário? Sem nem ao menos poder sair e se divertir. Qual a graça de ser você? Ah, talvez por você não ter nenhum problema para resolver, nenhum obstáculo para enfrentar, nenhuma pessoa para te atrapalhar ou te perturbar.
Aí, então, começo outro questionário: mas qual seria a graça de viver sem nossos problemas? Sem poder sonhar ou ter pessoas para conhecer? Teria graça? Teria sentido viver assim?
Agradeço por ter a vida que tenho. E ao observar esse pequeno ser, que nada fala, que nada faz, pude perceber que são com os meus problemas, com as pessoas, chatas ou legais e com os meus obstáculos que faço minha vida ter sentido.
Ingrid Raina
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