Mais um ano. Mais velha. Talvez mais chata. Talvez menos boba. Talvez mais sentimental. Talvez mais feliz. Talvez tudo dê errado.
Seria normal se eu dissesse que não estou nada feliz hoje? É o “meu dia” e isso me anima em nada. 16 anos. Pode parecer drama, mas estou próxima do fim... Era pra eu estar feliz, dia 27 de agosto só tem uma vez ao ano. As pessoas vêm me dar “parabéns” uma vez só por ano. Por que parabéns? O que tem de legal em ficar mais velha? Estou vendo minha infância cada vez mais distante de mim. Isso me assusta. Responsabilidade. Palavra que tomou de conta dos meus dias, tenho que ouvi-la pelo menos uma vez. Isso não é divertido.
Não, eu não quero que venham com abraços e com os seus “parabéns”. Não fiz nada de importante para merecer esse carinho e a atenção. É só uma data. Uma data que eu descartaria do calendário. Agosto não tem mais o dia 27, sinto muito pra você que também nasceu nesse dia.
Vou dar uma de Wendy e fugir com o Peter Pan. Não quero ficar mais velha. As pessoas vão começar a me comparar com esses adolescentes idiotas de hoje. Quantas garotas de 16 anos estão grávidas?
Estou infeliz com esses números. Em nada eles me agradam. E o pior é que estava fazendo contagem regressiva. Acho que as pessoas estão mais felizes do que eu hoje. Dia 27? Bah! Nada de especial. Aí vêm os programas... “Meus pêsames. Sinto muito, Ingrid, o número 15 acaba de morrer.” “Oh, não! Mas o que ele fez para merecer isso?” Contagem regressiva para o velório...
Talvez eu tenha problemas com aniversários. Ou melhor, eu tenho problemas com o meu aniversário. Quando é com os outros eu brinco: “Tá ficando mais velho, hein?!”, mas quando é comigo, é como se eu estivesse em um filme de terror.
O tempo está passando tão depressa e eu não estou conseguindo acompanhar. Estou ainda presa em meu passado. Isso é errado. Eu tenho que me desapegar a minha infância. Preciso amadurecer.
Seria coisa de adolescente? Uma fase talvez? Isso vai passar? Um dia, aniversário voltará a significar brigadeiro e presente? Ou vai continuar sendo um medo? Um dia, ele voltará a ser festa ou vai continuar sendo um dia de luto?
É tão duro ver que estou crescendo. Ficando mais velha. Isso me irrita tanto. Ah, como eu queria continuar sendo uma criança eternamente na Terra do Nunca. Não queria crescer e ver minha infância, meus brinquedos, minha inocência, minha vida, indo embora junto com cada ano que passa.
O meu maior medo é de começarem a me comparar com os jovens de hoje em dia. Começarem a me julgar como rebelde pela idade. Acharem que eu gosto de sair por aí pra beber, me drogar e beijar qualquer um por ter 16 anos. Não, por favor, eu não sou assim! Eu gosto de ler, de ficar em casa, de ficar com minha família, de ir a escola (é, isso é mais que verdade), gosto de escrever meus textos, isso é muito mais importante do que baladas. Pode ter certeza.
Esse texto está maior do que eu queria. Nem sei como terminá-lo. Não tenho uma conclusão para ele. Talvez esse texto nem seja lido até o final ou nem lido o começo. Alguns devem achar que eu sou idiota, que eu tenho problemas, que eu faço drama demais. Mas é meu aniversário, né?! Eu tinha que fazer pelo menos alguma coisa que me agrade.
Então... Feliz Aniversário, Ingrid. Dona do Pessoais e Sociais e futura escritora.
Ingrid Raina
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